Quer resistir à Great Resignation ou Grande Demissão? Aposte no fortalecimento de marca com valores em que os colaboradores realmente acreditam

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Grande Demissão é o termo usado para definir o movimento de colaboradores que se desligam das empresas por buscarem novos formatos de trabalho. A situação está acontecendo em vários países, como Estados Unidos e China, e também chegou ao Brasil.

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Você já ouviu falar em um movimento de desligamentos em massa? Chamado de Grande Demissão, esse é um cenário que vem afetando várias empresas em países de todo o mundo no pós-pandemia.

Derivado do inglês Great Resignation e também chamada de Grande Renúncia, esse acontecimento tem ganhado mais espaço na mídia em 2022. Muito porque o motivo para esse movimento é justamente o cenário de trabalho brasileiro.

Isso demonstra a necessidade das empresas se adequarem à nova realidade para não serem impactadas por essa situação. 

A questão é: o que fazer? A resposta está no fortalecimento de marca. Porém, ainda é preciso ir além. É importante adotar valores em que os colaboradores realmente acreditam.

Para entender melhor, continue a leitura e saiba o que é Great Resignation e como resistir a esse movimento.

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O que é Great Resignation ou a Grande Demissão?

O termo Grande Demissão vem sendo utilizado para nomear o aumento da taxa de desligamentos voluntários de empresas do mundo todo.

A situação iniciou ainda em maio de 2021 devido às mudanças ocasionadas no ambiente corporativo durante a pandemia.

Essa mudança na estrutura de trabalho fez os profissionais repensarem suas carreiras, suas condições de trabalho, seu bem-estar e seus objetivos de vida. Com isso, começaram a buscar a flexibilidade.

No entanto, o retorno ao modelo presencial foi mandatório em muitas empresas. Com isso, vários profissionais optaram pela demissão para manterem as suas qualidade de vida.

Nesse contexto, surgiu o Great Resignation como uma tendência econômica em diversos países. No Brasil, o movimento também chegou e ficou conhecido como a Grande Demissão, ou a Grande Renúncia.

Dados brasileiros

Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), pesquisa do IBGE, aponta um aumento no total de desligamentos nos primeiros meses de 2022.

Por exemplo, em março, foram registrados mais de 1,8 milhão pedidos de demissão. Desse total, pouco mais de 603 mil foram voluntários. O dado chama a atenção por dois motivos:

  • O período atual é de desemprego em alta, sendo que a desocupação atinge 12 milhões de brasileiros;
  • O resultado é de crescimento, quando comparado a anos anteriores.

Segundo dados do Caged, os pedidos de demissão foram de 330 mil em março de 2020. Por sua vez, em 2021, chegaram a 437 mil. Já em 2022, mais de 603 mil.

Ou seja, de 2021 para 2022, foram cerca de 166 mil demissões voluntárias a mais. Na comparação entre 2020 e 2021, a alta havia sido e 107 mil, aproximadamente.

Outro fator relevante é que o mês de março bateu um recorde no total de desligamentos voluntários. Esse mesmo patamar já havia sido atingido em fevereiro, mas foi novamente ultrapassado.

Esse levantamento, feito pela LCA Consultores com base nos dados do Caged, mostra o contexto corporativo atual.

O responsável pela pesquisa, Bruno Imaizumi, destacou em entrevista ao G1 que “os efeitos da pandemia estão cada vez menores no mercado de trabalho e tem muita gente que acaba se demitindo para acabar se admitindo em outro lugar em profissões mais condizentes com suas qualificações”.

No entanto, ele também ressalta que muito desse cenário de Grande Demissão é derivado do retorno ao trabalho presencial. Afinal, os colaboradores puderam perceber que esse modelo é menos benéfico do que os novos formatos de trabalho.

Assim, essa situação é um reflexo do que várias pesquisas já mostraram. Uma delas, feita pelo LinkedIn, mostrou que 49% dos brasileiros consideram mudar de emprego em 2022.

O índice é mais alto para pessoas entre 16 e 24 anos. Nessa faixa etária, chega a 61%. Em ambos os casos, os motivos dessa decisão são a busca por salários melhores e mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

Outro levantamento indica que 78% dos profissionais perceberam que querem mais flexibilidade no trabalho.

Tanto é que 30% destacaram ter deixado o emprego por falta de políticas flexíveis e outros 40% pensam nessa possibilidade em algum momento da carreira.

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Razvan Chisu / Unsplash

Fatores decisivos para a Grande Demissão

A pandemia criou a necessidade de repensar o modo de viver. Em grande parte, esse cenário consistiu em reestruturar o modelo de trabalho tradicional.

Assim como as empresas, os profissionais também foram desafiados a se reinventar remotamente. Aos poucos, fizeram da atuação a distância parte de seu novo modelo de vida. 

Com a retomada gradual das atividades, o home office e o trabalho remoto tornaram-se imperativos. Com o fim do isolamento social, também surgiu o modelo híbrido, em que parte das atividades é realizada a distância e o restante é presencial.

Ainda assim, algumas empresas determinaram o retorno ao modelo presencial, resultando no conflito com os colaboradores.

A crescente da Grande Demissão surge como resposta ao retorno do modelo de trabalho anterior à pandemia. Afinal, ele consiste no retorno ao espaço físico, ao ambiente corporativo e às condições de trabalho anteriormente aplicadas.

Porém, existem vários motivos para que os colaboradores prefiram atuar remotamente ou no regime híbrido.

Segundo um estudo do site Vagas.com, o trabalho híbrido é o melhor. Isso porque permite manter o relacionamento presencial com outras pessoas da empresa.

Porém, também há outros pontos favoráveis. Entre eles estão:

  • Flexibilidade para adequar o trabalho a outras atividades domésticas;
  • Evitar a locomoção diária ao trabalho;
  • Ganhar tempo para outras atividades pessoais;
  • Aumentar o foco e a concentração;
  • Poder cuidar dos filhos ou de outros familiares em alguns dias da semana.

Todos esses aspectos são fatores decisivos para o pedido de demissão. O trabalho híbrido e remoto impulsionaram essa situação.

Pelo menos, foi isso que a professora de Economia da USP, Ana Cristina Limongi-França, identificou.

Segundo ela disse em entrevista à Você S/A, o crescimento do trabalho remoto foi responsável pelas demissões, especialmente, para quem desejava mais dinheiro ou tempo livre.

A professora também destacou que esse cenário surge por dois motivos:

  • Profissionais qualificados que saem do emprego por ter outra opção melhor;
  • A piora das condições de trabalho força as pessoas a saírem do emprego atual.

Qualquer uma dessas possibilidades evidencia a necessidade de repensar o modelo de trabalho da sua empresa. Afinal, é preciso pensar em alternativas para superar a Grande Demissão.

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O fortalecimento de marca para resistir à Grande Demissão

De modo objetivo, para resistir à Grande Demissão é necessário fortalecer a sua marca com valores que os colaboradores realmente acreditem.

Aqui, é importante destacar que a gestão de marca — ou branding — consiste na adoção de estratégias para fortalecer a imagem do negócio perante seu público-alvo.

Porém, é preciso lembrar que os colaboradores também são relevantes. Eles são o seu público interno. Por isso, precisam ser considerados.

Ao mesmo tempo, os valores de uma empresa são o conjunto de crenças e princípios que direcionam o comportamento de todos na organização.

Alguns exemplos de valores são:

  • Inovação;
  • Fazer acontecer;
  • Cuidar do planeta;
  • Modernidade;
  • Focar as necessidades do público;
  • Combater o preconceito.

Perceba que tudo isso demonstra em que a empresa acredita e como ela se porta diante do mercado.

Nesse cenário, os novos modelos de trabalho também podem ser valores de uma organização. Assim, você começa a fortalecer sua marca e resiste à Great Resignation.

Para chegar a esse patamar, existem 3 principais práticas para adotar. Veja quais são elas.

1. Lembre as pessoas por que elas estão na empresa

Comece fortalecendo a sua marca pelo público interno. Para isso, reforce por que cada um deles está no quadro organizacional.

Esse trabalho parece difícil. Afinal, vai muito além de definir os valores a partir de ideias jogadas no ar. É preciso criar um manifesto que mostre “por que você está aqui”.

Uma possibilidade é seguir o varejista inglês John Lewis & Partners, que demonstrou como o modelo de employee ownership melhorou a vida dos empregados.

Essa atitude pode parecer não trazer resultados. No entanto, a taxa de retenção de talentos é alta: 80% da equipe fica por mais de 1 ano.

Portanto, é aquela ideia de aumentar a sensação de pertencimento para que todos se engajem e tenham motivação para trabalhar.

2. Passe uma missão para que os colaboradores possam defender

O fortalecimento da marca é um trabalho que leva tempo e o esforço muda conforme o contexto organizacional. Ainda assim, os custos de ignorar esse trabalho são maiores.

A própria Grande Demissão é um exemplo disso. Porém, também há os custos de demissão, admissão e treinamento.

Ou seja, os gastos derivados do turnover são elevados e podem dificultar o crescimento da empresa. Ainda tem mais. O Brasil é o país com o maior índice de rotatividade de colaboradores.

Para mudar esse cenário, é preciso ter uma marca interna fortalecida. Isso ajuda na retenção e na atração de talentos, além de reduzir o tempo, o dinheiro e o esforço empregados no recrutamento.

Dessa forma, você também passa uma missão para os colaboradores defenderem, o que aumenta o engajamento.

3. Veja o colaborador como um cliente

Para construir uma marca fortalecida internamente, é preciso conversar com os seus clientes. Nesse caso, os próprios colaboradores.

Questione os novos contratados sobre o que os atraiu na sua empresa. Verifique se eles escolheriam a sua vaga, caso tivessem uma proposta igual de outro lugar.

Por fim, confira por que você quer que as pessoas escolham a sua empresa. Caso haja alguma falha, identifique-a e trabalhe para reduzi-la a partir do feedback dos colaboradores.

Portanto, é preciso ver os funcionários como aliados. Ainda assim, é provável que alguns deles prefiram se demitir.

Se for esse o caso, está tudo bem. A marca fortalecida ainda trará outros benefícios e evitará o choque da Great Resignation. Por exemplo:

  • Ex-funcionários atuarão como embaixadores da sua marca. Isso porque agradecem e têm orgulho de terem trabalhado na sua empresa;
  • Motiva os colaboradores todos os dias;
  • Alinha o trabalho das diferentes equipes;
  • Facilita a busca por novos colaboradores que estejam alinhados à sua cultura organizacional;
  • Garante aos recrutadores os motivos para “vender” a empresa aos melhores candidatos.

Portanto, mais do que ter uma demissão humanizada, é importante trabalhar o fortalecimento de marca. Essa é uma forma de proteger a sua empresa do movimento da Grande Demissão.

Isso também passa por repensar os modelos de trabalho. Afinal, se o objetivo é garantir qualidade de vida e bem-estar aos colaboradores, é preciso apostar na flexibilidade e no anywhere office.

Priorizar as entregas, em vez do microgerenciamento, é uma forma de demonstrar confiança. Tudo isso ajuda a fortalecer a sua marca, mostrar os seus valores e resistir à Grande Demissão.

Agora que você sabe como evitar o desligamento voluntário, que tal ver as boas práticas para as situações em que é necessário tirar um colaborador do quadro da sua empresa? Baixe o Guia da Demissão Humanizada e veja quais boas práticas fortalecerão seu negócio.

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