Diversidade nas empresas: o que é e como preparar sua companhia para abraçar as diferenças

A diversidade nas empresas é caracterizada por equipes formadas por pessoas de diferentes idades, gêneros, capacitações, visões, vivências e etnias. Ao trabalhar essa característica, seu negócio se prepara para aumentar a criatividade e a inovação. Além disso, promove a igualdade e traz oportunidades a quem precisa. O processo pode ser desafiador, mas é essencial saber acolher os diferentes perfis, preferências e necessidades dos profissionais. Veja como chegar a esse patamar!

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As pautas sobre diversidade nas empresas ganham cada vez mais espaço no mercado. Tanto é que se tornaram uma das principais tendências do ambiente corporativo.

Isso é fruto da maior conscientização da sociedade sobre a importância da inclusão social. Além disso, é resultado das lutas — ainda existentes — das chamadas minorias e seus apoiadores.

O Dia Internacional do Orgulho LGBT+, comemorado em 28 de junho, por exemplo, mostra — mesmo que devagar — que avançamos no respeito às diferenças dentro das organizações.

Falando em números, uma pesquisa da McKinsey demonstrou que empresas com diversidade étnica e racial têm uma chance 35% maior de obter rendimentos acima da média do setor.

Quando o foco é a diversidade de gênero, a possibilidade de ter retornos acima da média é de 15%. Ainda tem mais. Por isso, criamos este post para explicar por que seu negócio deve se abrir para essa realidade.

Afinal, ainda que o tema gere muitas dúvidas e, em alguns casos, as empresas enfrentem dificuldades para conseguir compreender o conceito de diversidade e inclusão corretamente, a discussão é essencial. Caso contrário, a adoção de ações mais positivas acaba sendo impedida.

Então, que tal entender como deixar sua companhia realmente preparada para abraçar as diferenças? Continue lendo para saber mais sobre a diversidade nas empresas e como aplicá-la! 

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O que é diversidade nas empresas

A diversidade nas empresas remete à variedade de perfis de colaboradores trabalhando em determinado ambiente corporativo. Essa pluralidade facilita a geração de ideias diferentes, consideradas “fora da caixa”. Assim, fica mais fácil resolver problemas e executar atividades.

Segundo o Dicio, a palavra diversidade se refere a “reunião do que contém vários e distintos aspectos, características ou tipos; pluralidade (…). Conjunto diverso, múltiplo, composto por variadas coisas ou pessoas; multiplicidade (…)”. Portanto, a empresa que aposta nessa heterogeneidade tem espaço para todos, quaisquer que sejam seus perfis.

Para a gestão, essa variedade traz benefícios. Por exemplo, é possível fazer um melhor gerenciamento de riscos, alcançar um patamar diferenciado de inovação e aumentar a conexão com novos públicos. Ou seja, adotar essa pauta interfere até no faturamento organizacional.

Porém, os motivos para implementar a diversidade corporativa devem ir além de questões econômicas. Afinal, uma empresa sem preconceitos contribui com a sociedade e entende que o fortalecimento do employer branding é apenas uma consequência.

Nesse cenário, é importante entender que esse conceito está relacionado a alguns aspectos principais para que seja encarada de forma mais ampla. Os 3 principais fatores são:

  • Diversidade: deve ser observada em um sentido amplo, envolvendo questões como etnia, gênero, nacionalidade, idade, status econômico, orientação sexual, deficiências, religião e outros aspectos;
  • Equidade: se refere ao tratamento justo, que permita oportunidades e acessibilidade para todas as pessoas, a visando eliminar as barreiras que impedem a participação plena de determinados grupos na sociedade;
  • Inclusão: tem relação com abraçar realmente as diferenças, desenvolvendo um clima de apoio, respeito e valorização por meio de ações para todos. 

A relevância do tema no mercado é bastante conhecida, evidenciada pelo crescimento do conceito de ESG (Environmental, Social and Governance). Ele pode ser traduzido como ambiental, social e governança e reflete 3 pilares da sustentabilidade que ganham espaço no mundo corporativo. A ideia é que as empresas adotem práticas mais positivas em todos os aspectos.

Nesse cenário, a diversidade é incluída no âmbito social, já que deve haver uma preocupação com o combate à desigualdade, o bem-estar da comunidade e outros pontos relacionados. Diante disso, a adequação das empresas ao ESG também se torna uma ferramenta importante para o posicionamento no mercado, incluindo a atração de clientes e investidores. 

Grupos de afinidade

Uma forma de verificar como a diversidade é trabalhada na empresa é pela análise de grupos de afinidade. Dessa forma, o RH identifica quais são as oportunidades existentes e o que ainda pode ser melhorado.

Existem várias categorias dentro desse conceito. As mais conhecidas no mercado são os grupos de afinidade:

  • Cultural, racial e étnico: abrange os indígenas, negros, imigrantes, pessoas de outras culturas ou religiões etc.;
  • Sexual, de identidade e gênero: envolve as pessoas transgênero ou não-binárias e outros membros da comunidade LGBT+;
  • Social: abarca as mulheres cis e trans, os idosos, as mães e os pais, os portadores de deficiência e mais.

Portanto, é bem provável que a sua empresa já tenha algum nível de diversidade. No entanto, é preciso agir de forma consciente para que essas características se destaquem e tragam melhorias ao ambiente de trabalho.

Ao internalizar a cultura diversa, acredita-se que as experiências diferentes enriquecem o negócio. Dessa forma, é possível alcançar mais benefícios.

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Por que adotar a diversidade na sua empresa

Mais do que uma obrigatoriedade, investir na diversificação de pessoas ajuda a obter benefícios corporativos. Para começar, é fundamental conhecer a Lei de Cotas (Lei 8.213/1991). Ela determina que empresas com mais de 100 colaboradores devem preencher entre 2% e 5% das vagas com funcionários deficientes ou reabilitados.

Contudo, o movimento precisa ser maior do que o cumprimento da legislação vigente. Isso porque o respeito às diferenças garante uma equipe de alta performance, mais rica em talentos e capaz de alcançar os objetivos estratégicos traçados pelo negócio.

Ainda existem outros benefícios. Uma pesquisa da Harvard Business Review sinalizou que a diversidade é uma alavanca para a satisfação dos colaboradores.

Conforme o estudo, 17% dos empregados se sentem mais motivados e dispostos a realizarem mais do que as atividades previstas. Além disso, o ambiente corporativo diverso tem 50% menos conflitos e melhores índices de produtividade.

Além disso, 76% dos entrevistados destacaram se sentirem mais seguros para inovarem e exporem suas ideias quando há pluralidade na empresa. Ou seja, o ambiente de trabalho fica mais saudável e está alinhado às novas necessidade do mercado.

Quais são os desafios existentes?

Apesar das vantagens da diversidade nas empresas e da exigência de adoção das práticas ESG, ainda há muitas barreiras a superar. Isso fica visível quando vemos dados relativos à liderança nas organizações.

Entenda o cenário atual para algumas das categorias incluídas no contexto da diversidade.

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Mulheres

Dados do IBGE relativos a 2019 indicaram que as mulheres representavam 52,5% da população brasileira. Apesar disso, a situação trabalhista é precária, conforme o relatório Mulheres no Mercado de Trabalho Brasileiro, do Dieese.

De acordo com o levantamento, a força de trabalho feminina havia diminuído de 2019 para 2021. Avaliando o terceiro trimestre, a redução foi de 1.106 mulheres que saíram do mercado durante a pandemia e ainda não haviam conseguido voltar. Em relação à taxa de participação, ela caiu de 54,6% para 52,3%.

Enquanto isso, a taxa de desocupação feminina no período foi de 14,3% para 15,9%. Quando se analisa a remuneração, fica constatado que as mulheres ainda recebem menos.

O rendimento médio foi de R$ 2.078 no 3º trimestre de 2021. No mesmo período, os homens receberam uma média de R$ 2.599. Ou seja, uma diferença que ultrapassa R$ 500.

Por sua vez, um estudo da Grant Thornton indicou que apenas 38% das mulheres ocupam cargos de liderança no Brasil. O resultado brasileiro fica atrás de outros países em desenvolvimento, como África do Sul (42%), Turquia (40%), Malásia (40%) e Filipinas (39%).

O mesmo estudo detalhou a participação delas no mercado de trabalho. A divisão fica da seguinte forma:

  • Apenas 35% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres;
  • 47% estão em ocupações de liderança financeira;
  • 6% das empresas disseram não ter mulheres em posições de destaque.

Negros

Os negros também passam por vários desafios no mercado de trabalho. Conforme dados do IBGE, 54% da população brasileira se encaixa nesse tipo racial. Ainda assim, ganham menos e têm menos oportunidades no mercado de trabalho.

O relatório do Dieese já citado indicou que o salário por hora tem uma média de R$ 13,89 para mulheres e de R$ 15,25 para homens. Quando verificado os mesmos resultados para os negros, o valor cai para R$ 10,83 e R$ 11,67, respectivamente.

Na prática, isso significa que o trabalhador negro recebe menos de 60% do branco. Já a mulher ganha apenas 54,9%.

Em relação à liderança, o estudo Diversidade, Representatividade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós  mostrou que apenas 17% dos negros estão em posições de gerência para cima. Quando consideradas apenas as mulheres, o índice fica em 2,6%.

LGBT+

Ao analisar a parcela de participação da comunidade LGBT+, uma grande preocupação é a discriminação no trabalho. Uma pesquisa mostrou que 65% desses profissionais já passaram por esse tipo de constrangimento. Além disso, 28% sofreram assédio.

O mesmo levantamento indicou que 47% dos trabalhadores LGBT+ apresentam renda média abaixo de 4 salários mínimos. Em 2022, isso representa menos de R$ 4.848. Para profissionais que não fazem parte dessa categoria, o índice é de 36%.

Apesar disso, as pessoas LGBT+ que estão em posições de alto escalão apresentam um desempenho 61% maior quando comparado a outros profissionais. Portanto, escolher essas pessoas para cargos de liderança pode representar uma vantagem competitiva, já que 33% das empresas não as contratariam para essas posições.

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Como trabalhar a diversidade nas empresas?

Para promover a diversidade no seu negócio, é preciso trabalhar ações assertivas, que mudem a cultura organizacional e criem um ambiente mais equilibrado. Nesse cenário, é fundamental fazer uma análise da composição das equipes e adotar outras boas práticas. Veja quais são elas.

Trabalhe uma cultura de diversidade e inclusão

Um ponto relevante é trabalhar para ter uma cultura de diversidade e inclusão que seja observada e aplicada por todos. Não basta se posicionar para o público como uma empresa que apoia essas causas, mas vivenciar uma realidade diversa.

Tenha em mente que esse tipo de ação acaba sendo percebido pelo mercado, gerando impactos bastante negativos para a empresa. 

Portanto, vale a pena trabalhar para criar um ambiente mais diverso, equitativo e inclusivo. É preciso não apenas respeitar as diferenças entre os colaboradores e parceiros, mas também valorizá-las.

A cultura ainda precisa ter atenção às desigualdades sistêmicas, desenvolvendo ações que visem solucionar desvantagens que podem ser geradas por esses cenários.

Considere, ainda, a amplitude das ações em relação à gestão de pessoas. Essas medidas devem considerar questões variadas, que podem refletir dificuldades para ter uma colocação no mercado, por exemplo. O mesmo vale em relação ao atendimento ao cliente e parceiros. 

Reconheça as falhas e pontos fracos da empresa

O primeiro passo para qualquer mudança e as melhorias é conseguir identificar os pontos fracos, certo? Nesse sentido, os gestores precisam fazer uma análise interna aprofundada para entender quais são as falhas e as questões que precisam ser melhoradas no ambiente corporativo para que seja possível conquistar um ambiente mais inclusivo e diverso. 

Uma dica bastante relevante nesse momento é buscar suporte profissional, além de criar um canal para receber feedbacks e percepções da equipe e do público. É comum que existam conceitos não conhecidos sobre o tema, mas que precisam ser trabalhados de maneira aprofundada para o alinhamento da cultura empresarial.

Após reconhecer a falta de diversidade e os pontos mais críticos, será mais fácil desenvolver um plano de ação para iniciar as adequações.

Para auxiliar no processo, vale considerar a inclusão de treinamentos sobre o tema para líderes e colaboradores. Lembre-se de que a participação de todos é essencial para que o negócio se torne diverso de verdade. 

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Ajuste as práticas de recrutamento e seleção

Ao fazer as análises sobre diversidade, é importante que a empresa esteja pronta para rever os processos de recrutamento e seleção. Pode ser interessante rever os critérios utilizados para possibilitar a maior inclusão.

Afinal, nem sempre os requisitos são realmente necessários em um momento inicial, sendo possível que a empresa desenvolva habilidades com o profissional após a contratação. 

O desenvolvimento de vagas afirmativas para a diversidade, direcionadas ao público que normalmente fica à margem do mercado de trabalho, também são bastante relevantes. Nesse caso, também é interessante que os cargos contem com diferentes níveis e setores, aumentando a inclusão na empresa. 

Entenda as diferentes necessidades e preferências da equipe

Para conseguir criar um ambiente adequado, é preciso ter atenção às necessidades e preferências da equipe e do público que a empresa deseja atrair. A medida pode gerar ajustes em diferentes setores e práticas, como nas estratégias de comunicação e ações adotadas. 

Novamente, vale frisar a importância de receber feedbacks e ter abertura para receber insights sobre melhorias. Isso pode ampliar a visão da empresa a respeito das próprias políticas e de como tem sido o acolhimento em relação à cultura de inclusão e diversidade. 

Também vale considerar questões a respeito dos espaços de trabalho e a eventual flexibilidade — que pode até ampliar as oportunidades. Por exemplo, se a empresa não precisa do trabalho presencial, as ações afirmativas podem ampliar as localizações para a busca de profissionais e colaboradores. 

O mesmo pode valer para pensar em adaptações nos espaços de trabalho, regras aplicadas, equipamentos fornecidos, benefícios pagos, entre outros fatores. Com um trabalho conjunto, ficará mais fácil preparar a empresa para atender aos diferentes perfis de profissionais.

Trabalhar a diversidade nas empresas pode ser desafiador no início, mas é importante para construir uma sociedade mais inclusiva e justa. Portanto, vale a pena seguir essas dicas para reavaliar a cultura e implementar mudanças na companhia. Desse modo, é possível aproveitar os benefícios que uma equipe e uma cultura diversa trazem para o negócio e para toda a comunidade. 

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Texto escrito por Redação Woba. Revisado por Marcelo Madeira, tradutor, revisor e editor freelancer. 

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